O fibro edema gelóide (FEG), conhecido popularmente como celulite, acomete milhares de mulheres em todo o mundo, causando uma alteração comum na pele, que é manifestado por algumas irregularidades corporal, provocando uma alteração no corpo feminino, em que essas alterações são causadas pelo excesso de tecido adiposo que fica retido no septo fibroso e esteticamente é indesejável (MACHADO, et al, 2009).
Segundo Junqueira e carneiro (2009), a pele pode atingir até 16% do peso corporal, em que se tratando de superfície e peso, é considerada um dos maiores órgãos, sendo dividida por camadas específicas como: a epiderme que é a camada mais superficial, ela é avascular e tem a função de proteger o organismo contra os agentes físicos e químicos do ambiente, sendo constituída por cinco camadas que são as camadas germinativa, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. A derme é a camada do meio, fica localizada logo abaixo da epiderme, é vascularizada e 70% das fibras de colágeno estão presentes nela e por último a hipoderme que é a mais profunda, rica em tecido adiposo e tem a função de proteger o organismo contra choques.
De acordo com Sant'ana (2010), quando se menciona a patologia do FEG, compreende que a formação desse quadro patológico, inicia em decorrência das alterações intrínsecas e extrínsecas, ou seja, afeta tanto o tecido cutâneo, quanto o tecido adiposo em diversos graus, promovendo assim um aumento do líquido intersticial e consequentemente um acúmulo de resíduos do metabolismo celular entre as células de gordura, provocando dessa forma uma elevação da pressão intra-celular, gerando uma compressão dos vasos linfáticos, veias e nervos.
Dessa forma, sabe-se então, que a celulite aparece mais nas regiões da cintura pélvica, abdômen e membros inferiores, em que é acometida 80-90% da população feminina após a puberdade, onde é observada uma alteração do relevo cutâneo, sendo modificada uma estrutura histológica da pele, resultando no aumento da retenção de água, sódio e potássio (SANTOS, et al, 2011).
Baseado em Borges (2006), o fibro edema gelóide é classificado em quatro tipos: duro, flácido, edematoso e misto. O primeiro é considerado a fase inicial da patologia, mas que ainda não pode ser sentido ou visto; no segundo surgem as mudanças estruturais, onde a pele ganha um aspecto de ondulações, que podem ser visíveis e sentidos com a palpação; o terceiro se encontra num estágio um pouco avançado, pois os nódulos são perceptíveis e os sinais bem visíveis, sem a necessidade de palpação, em que a pele é comparada com uma "casca de laranja", tornando-se áspera, com edema em membros inferiores e microvarizes, somados a uma flacidez; no quarto e último tipo, a pele é dura, depressiva, as pernas ficam pesadas, doloridas, com edema e sensação de cansaço, mesmo sem esforço físico.
Portanto, com relação aos agentes etiológicos do FEG, existem alguns fatores que podem influenciar o aparecimento dessa patologia, como a presença de estrogênio, estresse, obesidade, sedentarismo, idade, gravidez, hereditariedade, sexo, fumo, mau hábitos alimentares, entre outros (SANT'ANA, et al, 2007; MENDONÇA, et al, 2009). Diante disso, é necessária uma avaliação detalhada, com anamnese e exames físicos, por se tratar de uma afecção multifatorial.
Sendo assim, a fisioterapia dermato-funcional atua com o intuito de obter excelentes resultados, disponibilizando vários recursos que podem ser utilizados nessa patologia, onde o ultra-som terapêutico vem crescendo esteticamente, pois tem ação de promover um efeito anti-inflamatório, além de aumentar a circulação sanguínea e quando associado a fonoforese, que é a penetração dos fármacos no organismo através da pele, gera efeitos de neovascularização, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras de colágeno (MENEZES, et al, 2009).
De acordo com Almeida, et al, (2005), a utilização do ultra-som é importante em todos os estágios do fibro edema gelóide, onde Agne (2009), relata que para conseguir alcançar o objetivo desejado, deve escolher a frequência de 3Mhz para maior absorção do tecido subcutâneo e depois escolher a potência de emissão em torno de 0,8 até 1,0w/cm2.
Entretanto, existem duas formas de aplicação do ultra-som, que são a forma isolada ou combinada. A forma combinada pode ser a utilização da fonoforese, em que
utiliza no gel de acoplamento um fármaco ativo potencializando os seus efeitos (ALMEIDA et al, 2005). O ultra-som tem efeito mecânico, onde as ondas vão gerar um aumento de pressão dentro dos adipócitos, fazendo com que essas células se rompam, e os resultados possam ser mais eficazes.
No entanto, a principal aplicação do ultra-som terapêutico (UST), está relacionado com alguns fatores como: a produção de hiperemia, a analgesia, a antiflogística, o aumento da extensibilidade dos tendões, facilitar a reabsorção de edemas, a eliminação de macronódulos e do aspecto de casca de laranja no FEG, a correção da isquemia em áreas lipodistróficas e a melhora do metabolismo lipídico com o aumento da lipólise (DURIGAN, 2006).
Sabemos então que, atualmente existe uma constante e incansável busca pelo "corpo perfeito", onde a influência da moda, sua imposição de restrições, coloca as mulheres numa difícil situação, já que é provocada e atraída permanentemente para que se ponha de acordo com os padrões de beleza atual (CORRÊA, 2005). Portanto, a celulite tornou-se uma preocupação entre as mulheres que vivem em áreas tropicais, como o Brasil, uma vez que há maior exposição da superfície corporal (HEXSEL, 2010), onde grande parte das mulheres que procuram tratamento para celulite, sentem-se incomodadas.
Um dos fatores que podem está agravando algumas alterações no nosso corpo também é a falta de exercício físico, agrava tanto as alterações vasculares, quanto as das fibras, ambos os fatores concorrem para a deterioração do tecido conjuntivo, que não consegue mais desempenhar suas funções. Por isso, o exercício físico regular e a alimentação adequada podem ajudar o controle de peso e, consequentemente, o aparecimento da celulite (LEITE, 2010).
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão de literatura com análise descritiva. . Foram utilizadas as palavras chaves como fibro edema gelóide, ultra-som e fisioterapia dermato funcional, disponíveis nos bancos de dados Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), dentre outros, publicados no período de 2005 à 2011. A construção do fundamento teórico, foi baseado na leitura analítica dos artigos, que após a análise realizou-se uma organização dos dados coletados, identificando os benefícios que o ultra-som terapêutico traz no tratamento do fibro edema gelóide.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise de alguns artigos pesquisados, o ultra-som vem mostrando excelentes resultados na patologia do fibro edema gelóide, pois tem efeito mecânico que gera um aumento de pressão dentro dos adipócitos, fazendo com que as células de gorduras se rompam, além de promover um efeito anti-inflamatório e aumentar a circulação sanguínea, e quando associado ao uso da fonoforese, ainda promove um aumento da extensibilidade das fibras de colágeno, melhorando assim a aparência de casca de laranja na pele.
O fibro edema gelóide (FEG), indevidamente chamado de celulite, pode ser definido como uma patologia multifatorial, que resulta na degeneração do tecido adiposo, onde as células de gorduras retêm um maior teor de lipídio, diferente e alterado, que estimula a retenção de líquidos, gerando um aumento de volume das células, causando uma compressão dos vasos, rompimento das fibras de colágeno e elastina, e assim adquirindo esse aspecto da pele em "casca de laranja" que está mais presente nos membros inferiores, abdômen e nádegas (FERNANDES, 2008).
É considerada uma patologia multifatorial, porque existem vários fatores predisponentes, em que o ultra-som é um dos recursos bastante utilizado no tratamento dessa patologia, e a eficácia do tratamento vai depender de alguns fatores que existem como por exemplo o grau em que se encontra o FEG, alimentação balanceada, o hábito de praticar alguma atividade física, onde tudo isso pode está ajudando na evolução do
tratamento, além da associação ao uso da fonoforese, podendo obter um resultado mais eficaz.
Segundo HEXSEL (2010), no Brasil, a busca de tratamentos cosméticos sempre foi grande e vem crescendo consideravelmente. Nesse sentido, torna-se necessário compreender os aspectos psicológicos que motivam as pessoas a procurar tais tratamentos, suas expectativas e quais os benefícios psicológicos esperados após sua realização.
Portanto, atualmente existe uma busca pelo "corpo perfeito", onde a influência da moda e sua imposição de restrições colocam as mulheres numa situação difícil, já que é provocada e atraída permanentemente para que se ponha de acordo com os padrões de beleza atual. No entanto a celulite deve ser tratada também como um problema de saúde e deixar de ser uma preocupação puramente estética, já que pode interferir na funcionalidade do indivíduo, pois ocorre alteração da superfície da pele, podendo acarretar em sérias complicações, levando a problemas que interferem na aparência física e psicológica, podendo desencadear assim um quadro álgico nas zonas acometidas, diminuição das atividades funcionais, e em casos mais graves pode levar até quase a imobilidade dos membros inferiores (CORRÊA, 2005).
CONCLUSÃO
Atualmente o fibro edema gelóide vem sendo um dos problemas que mais acomete as mulheres de todo o mundo, onde é um distúrbio de etiologia multifatorial, envolvendo dessa forma vários profissionais. Sendo assim, existem alguns recursos utilizados nos tratamentos dessa patologia que visam bons resultados, onde o ultra-som terapêutico quando associado a fonoforese, mostrou-se eficaz melhorando a aparência de "casca de laranja". Porém é importante ressaltar que, além desses tratamentos, também se torna necessário a associação de bons hábitos de vida, o que vai propiciar que o tratamento se torne mais eficaz e duradouro.
Referências
AGNE, Jones Eduardo. Eu sei Eletroterapia. Editora Santa Maria: Paliotti, 2009.
ALMEIDA, D. C. B; ET AL.. "Parâmetros de aplicabilidade do ultra-som no tratamento da lipodistrofia ginóide". In: Revista Fisioterapia Brasil. Vol. 6, no 5, p. 339-344, 2005.
BORGES, Fábio. Tratamento de celulite (Paniculopatica Edemato Fibroesclerótica) utilizando fonoforese com substância acoplante à base de Hera, Centella asiática e castanha da índia. Fisioterapia Ser, vol. 1, no1, 2006.
CORRÊA, M. B. Efeitos obtidos com a aplicação do ultra-som associado à fonoforese no tratamento do fibro edema gelóide. Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina- CAMPUS TUBARÃO, 2005.
DELGADO, et al. Efeitos da fonoforese com gel de ativos lipolíticos na adiposidade abdominal. Revista NovaFisio. Universidade Potiguar. Natal/RN: Maio/2012.
DURIGAN, J. L. Q.; CANCELLIERO, K. M.; REIS, M. S.; DIAS, C. N. K.; GRACIOTTO, D. R.; SILVA, C. A, et al. Mecanismos de interação do ultra-som terapêutico com tecidos biológicos. Ver Fisioter Brasil. 2006;7(2): 142-8.
FERNANDES, P.V. Fisioterapia no Tratamento da Celulite. Disponível em . Acesso em: 10 mai. 2008.
HEXSEL, D.; HEXSEL, C. L. WEBER, M. B. Social Impact of Cellulite and its impact nos quality of life. In: Goldman MP, Hexsel D, eds. Cellulite pathophysiology and Treatment. Informa Healthcare. 2010: 201.p. 1-4.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
LEITE, R. G. Fisioterapia dermato-funcional: uma área em observação. Disponível em: <http://www.fisioterapia.com.br>. Acesso em: 15/11/2010.
MACHADO, A. F. P.; TACANI, R.E.; SCHWARTZ, J.; LIEBANO, R. E.; RAMOS, J. L. A.; FRARE, T. Incidência do fibro edema gelóide em mulheres caucasianas jovens. Arq Bras Cièn Saúde. V. 24, n. 2. Mai/Ago 2009.
MENDONÇA, A. M. S.; PÁDUA, M.; RIBEIRO, A. P.; MILANI, G. B.; JOÃO, S. M. A. Confiabilidade intra e interexaminadores da fotogrametria na classificação do grau de lipodistrofia ginóide em mulheres assintomáticas. Fisioter. Pesqui. V. 16, n.2. Abr/Jun 2009.
MENEZES, R. C.; SILVA, S. G.; RIBEIRO, E. R. Revista Inspirar. V. 1, n. 1. Jun/Jul 2009.
SANT'ANA, E. M. C.; MARQUETIL, R. C.; LEITE, V. L. Fibro edema gelóide (celulite): fisiopalogia e tratamento com endermologia. Fisioterapia Especialidades. V.1, n.1. Out/Dez 2007.
SANT'ANA, E. M. C. Fundamentação teórica para terapia combinada Heccus- Ultrassom e Corrente Aussie no tratamento da lipodistrofia ginóide e da gordura localizada. Revista Brasileira de Ciência & Estética. V.1, n.1. 2010.
SANTOS, I. M. N. S. R.; SARRUF, F. D.; BALOGH, T. S.; PINTO, C. A. S. O.; KANEKO, T. M.; BABY, A. R.; VELASCO, M. V. R. Hidrolipodistrofia ginoide: aspectos gerais e metodologias de avaliação da eficácia. Evic Brasil Ltda. São Paulo. 2011.
Daniele Vasconcelos Cordeiro,
Maria dos Prazeres Carneiro Cardoso
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