Massagem na gravidez traz alívio, mas requer cuidados específicos




 
A gravidez é, sem dúvida, um momento muito especial, mas tem lá os seus desconfortos. Mesmo quando tudo está dentro do programa, em termos da saúde da mãe e do bebê, há alguns aspectos, considerados normais e fisiológicos, que interferem no bem-estar da grávida.

A retenção de líquidos, que causa inchaço e sensação de peso nas pernas, as costas que doem, principalmente na região lombar, e as interrupções no sono pela dificuldade de encontrar uma boa posição para dormir quando a barriga cresce são queixas comuns.

Uma sessão de massagem é uma boa forma de minimizar esses males. A mais popular na gravidez é a drenagem linfática, para diminuir o inchaço. Mas há outras técnicas com bons efeitos, que são menos utilizadas, ou por serem menos conhecidas ou por medo de que possam causar algum dano ao bebê.

Embora todas as técnicas devam ser aplicadas com cuidados e restrições específicas para a gestação, algumas trazem preocupações maiores: na reflexologia e no shiatsu, por exemplo, a massagem de determinados pontos pode estimular contrações uterinas antes da hora. No entanto, quando são feitas por um bom profissional, contribuem para o bem-estar da grávida.

A Folha conversou com especialistas para saber as particularidades de cada tipo de técnica durante a gravidez. Em todos os casos, a gestante deve perguntar a seu médico se e quando pode fazer a massagem. Leia a seguir sobre cada uma delas.

Drenagem linfática

É muito recomendada por diminuir a retenção de líquidos comum nas gestantes. Pode ser feita nos noves meses, mas não tem efeito preventivo. "Diminui o inchaço temporariamente, mas quem tem propensão continuará com o problema", diz Mary Nakamura, professora de obstetrícia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

É contraindicada para grávidas com hipertensão não controlada, insuficiência renal, trombose venosa profunda, infecções de pele e erupções cutâneas. Como a hipertensão pode surgir subitamente, Miriam Zanetti, fisioterapeuta do grupo de pré-natal da obstetrícia fisiológica da Unifesp, recomenda que a pressão seja aferida antes de cada sessão.

A grávida deita de lado, de preferência do esquerdo. O abdômen é evitado e a massagem deve ser superficial.

Shiatsu

Os pontos que correspondem a diferentes órgãos do corpo são os mesmos da acupuntura. Entre os que podem levar ao aborto e não devem ser estimulados, estão os relativos ao intestino grosso e ao baço-pâncreas.

A fisioterapeuta e acupunturista Sabrina Rodrigues, do Shiatsu Luiza Sato, diz que muitos médicos contraindicam a massagem no primeiro trimestre, mas que, se aplicada por terapeuta qualificado, pode ajudar inclusive nessa fase. "É possível reduzir o enjoo do começo da gravidez", afirma.

A massagem também favorece a circulação, alivia dores lombares e diminui a ansiedade.

A sessão começa com a pessoa sentada e, depois, deitada na cama -por até dez minutos de costas, caso não se sinta mal, e de lado no restante do tempo.

Automassagem

Não tem efeito terapêutico, mas pode aumentar o bem-estar. "Ela melhora a autoestima, que sofre muito impacto na gravidez", diz Hugo Sabatino, professor de ginecologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Um estudo da universidade e da empresa de cosméticos Natura mostrou que, enquanto a massagem relaxou intensamente 75% das gestantes, o banho teve esse efeito em 57%; 91% relataram melhora na qualidade do sono.

Flávia Guimarães, médica do Instituto do Sono de Campinas, diz que, a partir do sexto mês, o sono é fragmentado. "A massagem é interessante pois há pouco a ser feito nesse caso."
Luna Weyel, 28, que teve seu filho Davi no último dia 5, fez automassagem durante toda a gestação. "Era super-relaxante e me preparava para dormir bem", conta.

Massagem pélvica

Novidade na preparação para o parto normal, essa massagem completa os exercícios de fortalecimento do períneo. Alonga as fibras musculares do assoalho pélvico e aumenta a distensibilidade do períneo. "Isso pode evitar a episiotomia [corte na região do períneo para alargar o canal de parto e evitar ruptura dos músculos] no parto vaginal", diz Mary Nakamura, da Unifesp.

A massagem é feita pela grávida, orientada por um especialista. No grupo de pré-natal da obstetrícia fisiológica da Unifesp, a técnica é ensinada.

Miriam Zanetti diz que deve ser feita a partir da 34ª semana de gestação. "O assoalho pélvico ganha alongamento para ser distendido no parto e voltar ao estado normal sem rompimento das fibras musculares", diz.
 
Fonte: Folha de São Paulo


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